14 de janeiro de 2010

No teu Deserto

Nunca deixei um livro por acabar. Se começo a ler vou até ao fim mesmo que a história não me agrade.

Estou quase a terminar No teu Deserto de Miguel Sousa Tavares... É daqueles livros que gostava que não terminassem. Gostava de continuar a ler não tanto a história mas os pedaços de vida ali relatados. Se a cada linha fechar os olhos consigo imaginar-me lá... no deserto. Consigo sentir o vento do deserto a bater-me na cara. Consigo ouvir os sons.

Gosto de ler Miguel Sousa Tavares a descrever o deserto. A ausência de tudo num espaço.

Por vezes gostava de ir para o deserto e ficar lá. Sentar-me tal como os personagens e contemplar a ausência de tudo ou a imensidão de nada.

Porque sinto que tantas vezes a nossa vida é um deserto. Uma imensidão de nada. Uma ausência de tudo.

Fecho o livro. Antes de apagar a luz olho para o lado, sorrio, ofereço um último beijo. Já no deserto da noite e como último pensamento acalma-me sentir que as nossas vidas em nada se assemelham ao deserto.




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