Vi fotos tuas, nossas. O meu nariz de palhaço. Vários pedaços de papel (...). Por momentos fechei os olhos e deixei-me transportar para esses tempos. Sorri. Voltei a sentir-me menina. Voltei a sentir-me especial e a mulher mais bonita e adorada de sempre. Deixei que o sorriso aparasse as lágrimas que iam caindo.
Vi rolhas de garrafas de momentos especiais. Pedaços de fitas que embrulharam qualquer presente especial. Facturas de hotel. Pedaços de cera de um círio transportado por ti. Talheres usados num jantar feito num quarto de hotel naquela que foi uma das melhores noites da minha vida.
Vi e revi momentos. Momentos eternizados, na grande maioria, em pedaços de papel.
Recordei sons. cheiros. Recordei e senti a enorme felicidade de ter vivido tudo isso.
Voltei a sentir que era (...). Voltei a acreditar que quando há amor tudo é possível e que foi por isso que vivi tanta coisa boa.
Ouvi a minha voz. A tua. E as gargalhadas fáceis.
Mais uma vez pensei que há quem deixe esta vida sem nunca ter conseguido viver o que vivemos.
E se hoje tenho recordações é porque um dia foi real! Essas recordações já foram vividas em mim. Sentidas.
Vi muitos dos pedaços de papel com letras serem escritos à minha frente enquanto sentia as tuas pernas entre as minhas. Pedaços de amor, carinho e paixão transcritos para um pedaço de papel. Escritos entre uma e outra garfada. Entre um e outro gole de vinho.
E foi assim que de repente recuei no tempo e voltei a viver momentos felizes.
E hoje todas essas memórias, todos esses momentos e tudo o que vivi... Estão numa caixa!
Na mesma caixa onde um dia gostava de guardar a resposta. O porquê.
A caixa onde ao de cima estaria um papel, com letras, onde tinhas escrito, não à minha frente, a grande dúvida que ainda hoje me assalta.
Porquê? Porque é que acabou um amor assim?"
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