Ainda ontem ansiávamos os fim-de-semana ou o início de mais um mês de Agosto para podermos estar mais tempo juntas. Tinhas 12 e eu 15 anos quando nos conhecemos. Sempre foste mais adulta que eu. Mais madura. Mais coerente. Mais racional. Deveria ter sido eu a cuidar de ti mas sempre foi ao contrário.
Depois das horas perdidas agarradas à linha fixa chegaram os telemóveis para nos alegrar e passar ainda mais horas ao telefone. Depois fomos descobrindo tudo o que eram tarifários para podermos falar horas e horas, diariamente, quase a custo zero. Sempre tivemos tanto para contar. Mais de 15 anos depois continuamos a ter. Não há silêncio entre nós. Há sempre ruído, muito ruído, de risos, de lágrimas, de alegrias, de desilusões. Há sempre qualquer coisa porque não existem segredos entre nós.
Na verdade crescemos juntas. E tanto que nós crescemos...
Eu tirei a carta primeiro. Tem lógica. São os tais 3 anos que nos separam. Foste minha co-pilota! Nunca tiveste medo de ir ao meu lado mesmo quando eu era um "maçarica" que mal sabia conduzir. Foi mais uma etapa que conhecemos juntas. O sair à noite para a Praia das Maçãs sem precisarmos da boleia dos Pais! Sempre confiaste em mim e em tudo o que eu fazia. E mesmo quando todos os outros me criticavam tu estavas lá. Sempre presente. Sempre com um sorriso. Sempre pronta para me dizer... "Deixa estar. Fizeste bem!"
Recordo com saudade as horas passadas ora na minha ou na tua casa... ou melhor... nas casas dos nossos Pais. Em que eu cozinhava para ti, tu não gostas de cozinhar. Bebia cerveja, tu bebias água. Eu gostava de cigarros, tu não. Eu trocava de namorado à velocidade da luz, tu não. Eu adorava noitadas que só terminassem com o nascer do sol, tu não. Tu eras boa aluna, eu não. Eu fazia asneiras, tu não. Somos e sempre fomos tão diferentes em tudo! Na forma de ser, de vestir, na música que ouvimos, na forma como conduzimos a nossa vida.
Encostadas a almofadas, contava-te em como estava de novo apaixonada e que desta vez é que era! Tu rias. Sempre soube que nunca acreditavas. Mas sorrias e davas-me força. Sempre viste em mim apenas qualidades e coisas positivas. E mesmo quando me auto-criticava tu não me deixavas. Eu nunca fui feia. Nunca fui gorda. Nunca fui má. Nunca fui nada que tivesse qualquer conotação negativa.
Desde os meus 15 anos que és a minha metade. O lado racional que eu gostava de ter, não tive, mas encontrei em ti. Desde os meus 15 anos que és o meu lado bom. O meu porto de abrigo. O ombro sempre presente.
Casaste e lá estava eu ao teu lado. Madrinha. Solteira. Sabíamos que seria assim. Tu casarias e eu não. Tu irias de braço dado com o teu Pai, vestida de suspiro, rumo à concretização de um sonho. E estavas linda. Não, não sou suspeita. Foste a noiva mais bonita que alguma vez vi. E o que eu chorei nesse dia... Estavas tão bonita mas ao mesmo tempo tão crescida. E de repente sentia que alguém te estava a levar. Que tinhas assinado um papel que de repente fazia com que pertencesses a alguém. Tinha e tenho medo que não sejas feliz. Sou menos feliz quando estás triste.
Crescemos juntas. Partilhámos amores e desamores. Entradas e saídas da faculdade. Desaires automobilísticos. Roupas novas. Perfumes novos. Fotografias. Livros.Paixões fugazes, amores intensos. Fizemos juntas verdadeiras loucuras que um dia velhinhas, com a manta nas pernas, em frente a uma qualquer lareira, iremos recordar. Eu terei um cigarro na mão, uma voz rouca e um copo de vinho nos dedos trémulos. Tu estarás linda e altiva como sempre, não te importando com o fumo dos meus cigarros, nem com os copos de vinho. Partilharemos a garrafa da qual tu beberás um copo ou dois e deixarás o resto para mim. Teremos as duas a pele vincada pela vida. Eu terei rugas diferentes das tuas porque a nossa vida foi, e sempre será tão diferente...
E havia tanto para escrever e outro tanto que não pode ser escrito. E quando penso em ti, em nós, e quero escrever nem sempre consigo. Porque fica sempre tanto por contar!
Este mês foste Mãe e quando olho para a tua filha não consigo expressar o que sinto. Quando a vi pela primeira vez, com pouco mais de 2 horas de vida, senti por ela o amor que se tem por aquilo que é nosso. Na verdade, quando penso na tua filha não deixo de sentir que parte dela também é minha. Sei que vou gostar dela tanto quanto gosto de ti e que ela vai poder contar sempre comigo. E estando do lado de for transmitir-lhe-ei a minha parte da tua metade. A parte louca, apaixonada, irracional mas com um amor desmedido.
A filha da minha melhor amiga nasceu e eu sinto que tive uma filha.
Depois das horas perdidas agarradas à linha fixa chegaram os telemóveis para nos alegrar e passar ainda mais horas ao telefone. Depois fomos descobrindo tudo o que eram tarifários para podermos falar horas e horas, diariamente, quase a custo zero. Sempre tivemos tanto para contar. Mais de 15 anos depois continuamos a ter. Não há silêncio entre nós. Há sempre ruído, muito ruído, de risos, de lágrimas, de alegrias, de desilusões. Há sempre qualquer coisa porque não existem segredos entre nós.
Na verdade crescemos juntas. E tanto que nós crescemos...
Eu tirei a carta primeiro. Tem lógica. São os tais 3 anos que nos separam. Foste minha co-pilota! Nunca tiveste medo de ir ao meu lado mesmo quando eu era um "maçarica" que mal sabia conduzir. Foi mais uma etapa que conhecemos juntas. O sair à noite para a Praia das Maçãs sem precisarmos da boleia dos Pais! Sempre confiaste em mim e em tudo o que eu fazia. E mesmo quando todos os outros me criticavam tu estavas lá. Sempre presente. Sempre com um sorriso. Sempre pronta para me dizer... "Deixa estar. Fizeste bem!"
Recordo com saudade as horas passadas ora na minha ou na tua casa... ou melhor... nas casas dos nossos Pais. Em que eu cozinhava para ti, tu não gostas de cozinhar. Bebia cerveja, tu bebias água. Eu gostava de cigarros, tu não. Eu trocava de namorado à velocidade da luz, tu não. Eu adorava noitadas que só terminassem com o nascer do sol, tu não. Tu eras boa aluna, eu não. Eu fazia asneiras, tu não. Somos e sempre fomos tão diferentes em tudo! Na forma de ser, de vestir, na música que ouvimos, na forma como conduzimos a nossa vida.
Encostadas a almofadas, contava-te em como estava de novo apaixonada e que desta vez é que era! Tu rias. Sempre soube que nunca acreditavas. Mas sorrias e davas-me força. Sempre viste em mim apenas qualidades e coisas positivas. E mesmo quando me auto-criticava tu não me deixavas. Eu nunca fui feia. Nunca fui gorda. Nunca fui má. Nunca fui nada que tivesse qualquer conotação negativa.
Desde os meus 15 anos que és a minha metade. O lado racional que eu gostava de ter, não tive, mas encontrei em ti. Desde os meus 15 anos que és o meu lado bom. O meu porto de abrigo. O ombro sempre presente.
Casaste e lá estava eu ao teu lado. Madrinha. Solteira. Sabíamos que seria assim. Tu casarias e eu não. Tu irias de braço dado com o teu Pai, vestida de suspiro, rumo à concretização de um sonho. E estavas linda. Não, não sou suspeita. Foste a noiva mais bonita que alguma vez vi. E o que eu chorei nesse dia... Estavas tão bonita mas ao mesmo tempo tão crescida. E de repente sentia que alguém te estava a levar. Que tinhas assinado um papel que de repente fazia com que pertencesses a alguém. Tinha e tenho medo que não sejas feliz. Sou menos feliz quando estás triste.
Crescemos juntas. Partilhámos amores e desamores. Entradas e saídas da faculdade. Desaires automobilísticos. Roupas novas. Perfumes novos. Fotografias. Livros.Paixões fugazes, amores intensos. Fizemos juntas verdadeiras loucuras que um dia velhinhas, com a manta nas pernas, em frente a uma qualquer lareira, iremos recordar. Eu terei um cigarro na mão, uma voz rouca e um copo de vinho nos dedos trémulos. Tu estarás linda e altiva como sempre, não te importando com o fumo dos meus cigarros, nem com os copos de vinho. Partilharemos a garrafa da qual tu beberás um copo ou dois e deixarás o resto para mim. Teremos as duas a pele vincada pela vida. Eu terei rugas diferentes das tuas porque a nossa vida foi, e sempre será tão diferente...
E havia tanto para escrever e outro tanto que não pode ser escrito. E quando penso em ti, em nós, e quero escrever nem sempre consigo. Porque fica sempre tanto por contar!
Este mês foste Mãe e quando olho para a tua filha não consigo expressar o que sinto. Quando a vi pela primeira vez, com pouco mais de 2 horas de vida, senti por ela o amor que se tem por aquilo que é nosso. Na verdade, quando penso na tua filha não deixo de sentir que parte dela também é minha. Sei que vou gostar dela tanto quanto gosto de ti e que ela vai poder contar sempre comigo. E estando do lado de for transmitir-lhe-ei a minha parte da tua metade. A parte louca, apaixonada, irracional mas com um amor desmedido.
A filha da minha melhor amiga nasceu e eu sinto que tive uma filha.
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